Ontem à conversa aqui com os colegas percebi uma coisa... a minha relação com a religião tem sido tudo menos estável.
Quando era catraia, andei na catequese (a minha mãe era muito crente - não fanática, mas crente). Estava quase a ir à 1ª Comunhão, quando a minha mãe faleceu. E aí, deu-se um corte radical. Deixei de ir à catequese, não respondi aos apelos da minha catequista que até para casa me ligava a pedir que eu fosse... nada. Que Deus era este que me deixava sem mãe, quando tinha apenas 8 anos? Não queria saber mais Dele. Entrava nas igrejas para ver o interior (a nível de património artístico) e nos casamentos via a noiva entrar e saía logo.
Depois, por volta dos 17 anos disseram-me que a minha paróquia estava a organizar uma Viagem Apostólica aos Açores. Um dos meus sonhos sempre foi ir aos Açores. Uma amiga minha (mais ligada à Igreja) também queria ir, por isso fomos falar com o padre. Expliquei que não acreditava em nada do que a Igreja dizia, mas queria ir com eles. O padre riu-se e disse-me que desde que eu não me recusasse a participar nas acções e nas missas, era bem vinda. Lá fui eu. Confesso que nesse momento, estive quase a voltar para os braços da Igreja. Adorei ir com eles. A missa era sempre muito interessante e com cânticos, o padre era espectacular... estive quase-quase. Mas a raiva estava lá e não dei o braço a torcer.
Já na altura do estágio na DGT, cheguei a ir, várias vezes, para a igreja de S. Sebastião. E ficava lá sentada a olhar o altar e a pensar na vida. Não sei porquê, mas sentia-me bem ali... mas quando começavam a missa saía logo da igreja e ia para o escritório. Ouvir missa é que não!
Agora, com o falecimento do meu velhote, aquando da missa antes do funeral, ouvi a mensagem. E a mensagem ficou a ressoar no subconsciente e agora sinto quase uma necessidade diária em rezar. Quero acreditar que Deus existe. Quero acreditar que ele está num sitio melhor agora. Que já não sofre. Que permanece lá. Ainda a semana passada fui a Fátima, numa visita de estudo, e senti-me bem. Senti-me em Paz. Senti até vontade, pela primeira vez na vida, de me confessar. Fiquei com vontade de lá voltar para pôr uma velhinha a arder por todos os que já perdi. De rezar por eles, em território sagrado. Tenho curiosidade de comprar uma Bíblia para ler sobre o assunto. Sempre vi muitos documentários sobre o tema, mas a Bíblia em si, nunca li.
Mas pronto... percebi que a minha relação com a religião, tem sido muito inconstante. Sempre segui ensinamentos de Jesus, como "tratar o próximo como gostaria de ser tratada", mas sempre me pareceu que existem membros da Igreja que conseguem estragar toda a experiência. As pessoas mais beatas que conheço, são também as mais vis! Que parecem viver para falar mal do próximo, para condenar o próximo. É como sempre disse: "Jesus era um homem, filósofo, e a Igreja é que veio estragar tudo" E não deixa de ser verdade! A Igreja parece pegar nos ensinamentos de Jesus e distorcer completamente tudo! Basta dar 1 exemplo: O homem ensina o Amor pelo próximo e eles fazem a Inquisição.
Não sei, fico apenas feliz, por me parecer que começo a fazer as pazes com a religião. Sei que pode ser uma esperança vã, mas quero mesmo acreditar que existe algo que permita que os meus amores, os ramos que me foram arrancados, estejam bem. Acima de tudo, acima de ir à missa e de praticais os rituais criados pelo Homem, sinto que tenho que estar em Paz comigo mesma e agir de acordo com a minha consciência. Mas talvez isso seja pouco católico da minha pessoa :P
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