sexta-feira, 17 de junho de 2011

Fatso

Sempre fui um pouco infeliz com o meu aspecto... bem, sempre não, já que quando era criança era super vaidosa (um pouco como a minha sobrinha), mas quando a minha mãe adoeceu eu comecei a inchar que nem um balão e nos seus 2 últimos anos de vida eu ganhei um peso respeitável para os meus 8 anos e meio. Quando a perdi, perdi também a minha auto-estima. Talvez fosse pelo meu aspecto que tanto se alterou em apenas 2 anos e meio, ou talvez porque viver sozinha com 2 homens - com muito pouca sensibilidade no que toca estes assuntos - não é de todo fácil para uma criança a quem o seu bem mais precioso lhe foi arrancado. Desde essa altura que tudo o que vi, tudo o que senti, tudo o que vejo, oiço e ainda sinto, foram mágoas afogadas em comida. Pão, batatas fritas e gelado são as minhas maneiras preferidas de auto-indulgência. Sempre comi para esquecer. Sempre. Para mim, desde esse momento, a comida tornou-se mais do que essencial, tornou-se uma paixão. Comia quando estava triste, comia para comemorar algo, comia quando queria chorar e chorava às escondidas porque não conseguia parar de comer. Foi preciso uma dose muito forte de anginas e ter que ficar 15 dias em dieta liquida forçada (já que me receitaram os medicamentos errados e como fui piorando cada vez mais das anginas, cheguei a um ponto que só me alimentava de água e leite porque tudo o resto implicava dores excruciantes) para perder uns valentes quilos. Desde esse momento (no meu 7º ano) o meu peso manteve-se constante. Podia até estar inscrita em ginásios, krav maga, pilates... mas como não fechava a boca não emagrecia. E quando conseguia deixar de comer tudo aquilo que gosto tanto, perdia 5kgs em pouquissimo tempo! E claro que essa perda de peso era comemorada com: gelado!!! uma embalagem inteira se fosse preciso... e pronto... lá voltava eu ao mesmo.
Mas agora, mesmo que deixe de comer, a verdade é que já não perco peso como antigamente. Mas pior que isso, tanto tempo sem fazer exercicio teve uma consequência: se subo 2 ou 3 lances de escadas, fico para morrer! Mas mesmo... sem brincadeira! Parece que o coração me salta pela boca. Por isso é que finalmente decidi que tenho que parar de choramingar aos ouvidos do meu namorado de que sou uma baleia. Decidi que tenho que fazer alguma coisa para que casa sessão de compras não se transforme numa tarde depressiva e com tendências suicidas já que nada me serve e com tudo pareço uma grávida.
Acima de tudo, tenho alguns problemas tipicos dos fatsos como: colestrol. E isto sem nunca sequer ter ultrapassado a barreira dos sessentas (o meu máximo vergonhoso foi 67). Já para não falar que os médicos reforçam sempre a importância do exercicio na prevenção do cancro e já que as minhas hipoteses de o vir a ter se demonstram muito negras, talvez seja melhor começar a mexer o rabo (ainda que não veja bem a ligação entre uma coisa e outra, mas se os médicos o dizem...). E sim, sei que para muita gente isso era um peso de sonho, mas eu sou baixinha! Com 67 já pareço uma bola! Com 67 já tenho mais colestrol que o meu pai!!
Foi por isso que inspirada pelo Haruki Murakami (corredor de fundo desde os seus 30 anos), pela Ali Vincent (primeira mulher vencedora do Biggest Loser nos E.U.A.) e por todos aqueles que vejo passar a correr pelo meu prédio... decidi parar de me lamentar e começar a mexer-me. Como sei que é preciso estar muito inspirada para que tal aconteça de forma regular, acho melhor não me inscrever em nada (até porque o que mais me aborrece é ir sozinha para esses antros de gente musculada) e começar simplesmente por fazer caminhadas em marcha rápida e ir progressivamente aumentando o passo para uma corrida ligeira e quem sabe no futuro um jogging mais a sério. Em casa, videos de yoga e pilates para complemento, tentar cortar nos gelados (que ja fui proibida de comprar) e decidi criar um blog novo para ver se me entusiasmo a escrever e a planear... espero que daqui a um mês já existam progressos. Mais do que pelo que vejo no espelho, essencialmente faço isto pelo que não se vê. Estou farta de me sentir mal comigo mesma e de ser preguiçosa. Estou farta de me queixar do stress do trabalho, mas sem fazer nada para o combater. OH Virgem Santa Maria, dai-me coragem para que daqui a um mês este post não me faça pensar: AHAHAHAHAHAHAHAHAH será que alguma vez acreditei mesmo nisto?! Só quero ser saudávelzinha e rija que nem um pêro!

2 comentários:

Butterfly disse...

Estamos aqui para dar força, cada vez que for preciso. :)
Ah e ainda bem que o Murakami ajudou :P

Istari disse...

eheheh a sério. as palavras dele sobre a corrida inspiraram-me a dar uma hipotese a essa metade-meditação-metade-exercicio que é a corrida e realmente uma pessoa sente-se muito melhor depois. Não quando paramos de correr\caminhar, mas quando respiramos fundo depois de sair do banho :P