Hoje é 1º Novembro.
Dia de Finados. Antes de começar a trabalhar, este era um dia em que a minha presença na Amareleja não falhava para visitar as campas dos nossos amores que já partiram. Era o dia em que íamos de proposito para o Alentejo levar flores e lavar a campa da minha mãe e bisavós (habitualmente sujas pelas primeiras chuvas).
Desde que acabei a escola a tradição terminou. Assim como o nosso regresso dia 21 Dezembro para o mesmo ritual, desta feita pelo "aniversário" do falecimento dela. Agora tudo o que posso fazer (já que aqui como os trabalhadores estão praticamente contados para que o horario funcione e nem sempre podemos meter dias) é acender uma velinha nestes dias. Já que pensar nela penso todos os dias. Sentir a sua falta, já sentia ainda antes de ela me deixar definitivamente. Olhar a sua foto, todos os dias é a primeira e a última coisa que vejo antes de adormecer. O que me aflige por vezes? Lembro de tudo dela, menos a voz e a cara. Já são muitos anos, mas mesmo assim, fico com uma nuvem no coração sempre que ao lembrar-me dela, não me consigo lembrar bem da cara. Se não fossem as fotos, de certeza que essa imagem já se teria desvanecido...
Desde que me mudei então, a sua presença ainda está mais forte. Gostava tanto que ela conhecesse a minha casinha, o meu F. Se bem que da maneira que o meu menino é, de certeza que ela mo enviou para cuidar de mim.
O que vale é que também tenho outras maneiras de a homenagear. Como por exemplo, com o Natal. Pelo que o meu pai me conta, ela era um pouco doente pelo Natal. Tal como eu sou. Segundo o meu pai tenho muitas "pancas" herdadas. Como o meu tique, a mania de muito raramente comer tudo o que está no prato (nem que seja deixar 5 grãos de arroz), comer pão com chouriço mas desfazendo o pão aos bocadinhos e pôr quartos e quintos de chouriço em cima dos bocadinhos de pão e a minha pancada pelo Natal.
E eu sou mesmo doente pelo Natal. Em Outubro já só penso no Natal. Adoro ver as decorações, correr as lojas todas que tenham coisas com o tema, ir ve a árvore gigante, as decorações da Baixa, decorar a casa toda, pensar e preparar os presentes de toda a gente. Eu adoro dar presentes! Mas é que gosto mesmo. Levo meses a ouvir o que as pessoas dizem sobre o que gostavam de comprar, ou o que lhes faz falta... o maior problema é quando não oiço nenhuma informação... como este ano. Que não sei o que hei-de dar a quase ninguém :S Só tenho mesmo a prenda do meu irmão e da minha sobrinha em casa, já embrulhadas; e as prendas para o meu grupo de amigas da Univ.
E este ano o Natal tem também outro marco... o marco de: ou acabas a tese até ao Natal ou desembolsas 900€ cá com uma pinta que o F. te põe fora de casa...
2 comentários:
Amiga, como sempre gosto dos teus textos.Aqui tens a descrição perfeita para homenagear a tua mãe.
Mesmo que o rosto se desvaneça na tua memória, guarda-a sempre no teu coração.
Fica bem minha querida Istari.
alice
Tudo o que disseste em relação à tua mãe...sinto o mesmo em relação à minha, todos os dias :)! e agora com a casinha nova dava tudo para que ela a pudesse conhecer e ao Andrezinho tambem :)!
Ja te disse que adoro trabalhar contigo?!
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